quarta-feira, 13 de abril de 2016

Orgulho de mim

Ser mãe sem sombra de dúvidas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Infelizmente após 5 meses após veio uma notícia nada boa: " Cristina, você tem Esclerose Múltipla."
Quando recebi o diagnóstico achei que minha vida tinha terminado. Que isso me impediria de ir ao parque com meu filho, de levá-lo na escola, imaginei que ele teria vergonha de mim... Eu tinha vergonha de mim. Por isso tentei, sem sucesso, esconder meu diagnóstico das pessoas. Mas aí percebi que pessoas que eu detesto já sabiam por fontes seguras. Fui traída pelas pessoas mais próximas a mim. Pelas pessoas que mais amo e que deveriam zelar por mim e atender meu pedido de sigilo. Mas eles, segundo eles, tiveram bons motivos e boas intenções ao espelhar a notícia pelos ouvidos mais podres e as línguas mais afiadas. Bom, isso passou. Ganhei maturidade e confiança para falar sobre o assunto e assumir: eu sou portadora de Esclerose Múltipla.
Agora não tenho mais vergonha de mim. Tenho muito orgulho pois apesar de ter uma doença que é praticamente um campo minado, você nunca sabe onde está pisando, se alguma bomba vai explodir e se explodir, qual será o estrago ou se chegará ao fim desse campo em segurança, não deixo de exercer plenamente meu papel de mãe. Sou mãe em sua totalidade. Cuido do bem estar, da roupa, da lição, das emoções, dos conflitos, das inseguranças, proporciono comida saudável, casa limpa por minhas  próprias mãos, levo, busco, trabalho fora, reformo a casa também com minhas próprias mãos... Na boa, não conheço pessoalmente ninguém que faça tanto pela família e pelo lar como eu e muito menos nessa condição de portadora de Esclerose múltipla.
Para quem não sabe a EM além dos surtos esporádicos causa um quadro de constante fadiga. Não, não é cansaço é mais que cansaço. Por favor não compare um quadro de fadiga de EM com seu cansaço. Na fadiga, respirar ou simplesmente virar na cama é um esforço descomunal. Mas eu convivo com ela. Alguns dias melhor, outros pior mas convivo e faço mais, muito mais do que muita gente sadia e isso me faz ter orgulho de mim e mais importante ainda, faz meu filho ter orgulho de mim. Ele ainda não sabe quase nada sobre minha doença. Brinco com ele dizendo que sou como a Vanellope do filme Detona Half. Sou um bug e tenho tilt de vez enquanto e é assim, brincando, que um dia contarei para ele.. Num dia bem distante, eu espero.